quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Nove dicas para usar bem a tecnologia

Nove dicas para usar bem a tecnologia

O INÍCIO Se você quer utilizar a tecnologia em sala, comece investigando o potencial das ferramentas digitais. Uma boa estratégia é apoiar-se nas experiências bem-sucedidas de colegas.

O CURRÍCULO No planejamento anual, avalie quais conteúdos são mais bem abordados com a tecnologia e quais novas aprendizagens, necessárias ao mundo de hoje, podem ser inseridas.

O FUNDAMENTAL Familiarize-se com o básico do computador e da internet. Conhecer processadores de texto, correio eletrônico e mecanismo de busca faz parte do cardápio mínimo.

O ESPECÍFICO Antes de iniciar a atividade em sala, certifique-se de que você compreende as funções elementares dos aparelhos e aplicativos que pretende usar na aula.

A AMPLIAÇÃO Para avançar no uso pedagógico das TICs, cursos como os oferecidos pelo Proinfo (programa de inclusão digital do MEC) são boas opções.

O AUTODIDATISMO A internet também ajuda na aquisição de conhecimentos técnicos. Procure os tutoriais, textos que explicam passo a passo o funcionamento de programas e recursos.

A RESPONSABILIDADE Ajude a turma a refletir sobre o conteúdo de blogs e fotologs. Debata qual o nível de exposição adequado, lembrando que cada um é responsável por aquilo que publica.

A SEGURANÇA Discutir precauções no uso da internet é essencial, sobretudo na comunicação online. Leve para a classe textos que orientem a turma para uma navegação segura.

A PARCERIA Em caso de dúvidas sobre a tecnologia, vale recorrer aos próprios alunos. A parceria não é sinal de fraqueza: dominando o saber em sua área, você seguirá respeitado pela turma.

Fontes: Adriano Canabarro Teixeira, especialista de Educação e tecnologia da UFRGS, Maria de Los Dolores Jimenez Peña, professora de Novas Tecnologias Aplicadas à Educação Da Universidade Mackenzie, e Roberta Bento, diretora da Planeta Educação.
Reportagem sugerida por oito leitores: Alana Cristina Lorde, Várzea da Palma, MG, Graziela Stein, Marabá, PA, Jaqueline Alves Silva Soares, Caetanópolis, MG, Karla Capucho, Vitória, ES, Kelly Silva Monteiro, São Gonçalo, RJ, Luciano Alves da Silva, São Lourenço da Mata, PE, Nadia Pereira Marques, Cristalina, GO, e Thais Silvestre Rosa, Rio de Janeiro, RJ

Como e quando as ferramentas tecnológicas são imprescindíveis para os avanços em todas as disciplinas

Quando e como as novas ferramentas são imprescindíveis para a turma avançar

Amanda Polato (Amanda Polato)
Recursos didáticos.Como usar a tecnologia na sala de aula.
TICs, tecnologias da informação e comunicação. Cada vez mais, parece impossível imaginar a vida sem essas letrinhas. Entre os professores, a disseminação de computadores, internet, celulares, câmeras digitais, e-mails, mensagens instantâneas, banda larga e uma infinidade de engenhocas da modernidade provoca reações variadas. Qual destes sentimentos mais combina com o seu: expectativa pela chegada de novos recursos? Empolgação com as possibilidades que se abrem? Temor de que eles tomem seu lugar? Desconfiança quanto ao potencial prometido? Ou, quem sabe, uma sensação de impotência por não saber utilizá-los ou por conhecê-los menos do que os próprios alunos?

Se você se identificou com mais de uma alternativa, não se preocupe. Por ser relativamente nova, a relação entre a tecnologia e a escola ainda é bastante confusa e conflituosa. NOVA ESCOLA quer ajudar a pôr ordem na bagunça buscando respostas a duas questões cruciais. A primeira delas: quando usar a tecnologia em sala de aula? A segunda: como utilizar esses novos recursos?

Dá para responder à pergunta inicial estabelecendo, de cara, um critério: só vale levar a tecnologia para a classe se ela estiver a serviço dos conteúdos. Isso exclui, por exemplo, as apresentações em Power Point que apenas tornam as aulas mais divertidas (ou não!), os jogos de computador que só entretêm as crianças ou aqueles vídeos que simplesmente cobrem buracos de um planejamento malfeito. "Do ponto de vista do aprendizado, essas ferramentas devem colaborar para trabalhar conteúdos que muitas vezes nem poderiam ser ensinados sem elas", afirma Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA.

Da soma entre tecnologia e conteúdos, nascem oportunidades de ensino - essa união caracteriza as ilustrações desta reportagem. Mas é preciso avaliar se as oportunidades são significativas. Isso acontece, por exemplo, quando as TICs cooperam para enfrentar desafios atuais, como encontrar informações na internet e se localizar em um mapa virtual. "A tecnologia tem um papel importante no desenvolvimento de habilidades para atuar no mundo de hoje", afirma Marcia Padilha Lotito, coordenadora da área de inovação educativa da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). Em outros casos, porém, ela é dispensável. Não faz sentido, por exemplo, ver o crescimento de uma semente numa animação se podemos ter a experiência real.

As dúvidas sobre o melhor jeito de usar as tecnologias são respondidas nas próximas páginas. Existem recomendações gerais para utilizar os recursos em sala (veja os quadros com dicas ao longo da reportagem). Mas os resultados são melhores quando é considerada a didática específica de cada área. Com o auxílio de 17 especialistas, construímos um painel com todas as disciplinas do Ensino Fundamental. Juntos, teoria, cinco casos reais e oito planos de aula (três na revista e cinco no site) ajudam a mostrar quando - e como - computadores, internet, celulares e companhia são fundamentais para aprender mais e melhor.

ARTIGO: Infância e novas mídias

Meu Artigo » Pedagogia » Infância e novas mídias
Infância e novas mídias

Por: Elaine Rose da Silva

Introdução:

Com o avanço tecnológico torna-se quase impossível falarmos da infância hoje em dia sem a associarmos a jogos eletrônicos, Internet, DVDs, aparelhos celulares e brinquedos com controle remoto. As novas tecnologias e as novas mídias ajudam a formar crianças cada vez mais acostumadas a lidar com as maravilhas do mundo digital e, detalhe, cada vez mais cedo! Tal adaptação nos leva a questionar qual caminho será traçado pela nova geração: serão adultos “descolados” que sabem lidar com todas as tecnologias e mais informados ou serão crianças que perdem o interesse pelas brincadeiras simples e amadurecem antes do tempo perdendo a essência da infância que é imaginar?

O tema da infância e as novas mídias têm influenciado diversos especialistas ao redor do mundo que, intrigados cada vez mais sobre como a infância está sendo afetada com as transformações tecnológicas, dedicam suas pesquisas a buscar compreender se a influência é predominantemente negativa ou se existe algo de positivo nessa nova forma de se desenvolver dos jovens.

Para o professor David Buckingham (diretor do Centro de Estudos da Infância, Juventude e Comunicação da Universidade de Londres e especialista na relação entre comunicação e infância):

“educar não significa apenas que os professores devam falar e os alunos escutarem. Significa também encorajar a participação das crianças na produção de mídias. Proteger as crianças da influência negativa das mídias está ultrapassado. As crianças precisam ser estimuladas por educadores preparados a lidar com as novas mídias e criar as suas.” (Centro de Convivência da UFSC)

É necessário investir na qualificação dos profissionais da educação para que estes, ao invés de inibir o uso das novas tecnologias por parte dos seus alunos, os encorajem a utilizá-las de forma a ajudar em seus estudos e na sua formação como indivíduo. É fundamental saber extrair coisas positivas deste impacto que, segundo outros especialistas, quando não utilizados de maneira correta, podem acarretar sérios prejuízos para as crianças e os adolescentes que crescem de forma cada vez mais precoce. Para muitos o tempo das brincadeiras inocentes na rua e dos desenhos animados na TV de casa parece ter ficado num passado distante da atualidade, isso não só influencia a formação intelectual, social como também a formação sexual dos jovens.

A formação intelectual pode ser prejudicada se o hábito de pesquisar tudo o que for proposto em sala de aula seja feito através da Internet. O costume de pesquisar em livros, revistas, jornais e bibliotecas se extingue cada vez mais cedo. Até mesmo os trabalhos escritos são feitos em editores de textos que corrigem automaticamente a gramática, impedindo que os alunos aprendam com seus próprios erros. E esse modo de pesquisa não afeta somente os jovens com mais idade, pois é comum vermos crianças menores utilizando, cada vez mais cedo, os computadores, sejam eles domésticos ou das chamadas lan houses[1].

A formação social também é afetada devido ao maior tempo de reclusão ao qual o jovem e a criança se submetem em suas casas enquanto permanecem horas em frente ao computador. As amizades, em sua maioria, são feitas hoje através de redes sociais e canais de comunicação on line[2] como MSN e Orkut. Com o tempo as crianças e os jovens perdem o contato com as outras e a troca de experiências pessoais passa a ocorrer de forma virtual, sendo que na maioria das vezes, estas pessoas jamais chegarão a se conhecer de forma concreta.

Para o psicólogo especialista em sexologia, Carlos Boechat Filho, o afrouxamento dos valores sexuais e a influência da mídia são os principais responsáveis por um adiantamento na vida sexual dos adolescentes. Segundo o psicólogo, quanto mais tempo em frente à TV ou ao computador, navegando pela Internet, maior será a facilidade de acesso a conteúdos eróticos e inapropriados para menores. Neste caso torna-se de extrema importância o acompanhamento dos pais que devem impor limites ao mesmo tempo em que evitem reprimir a busca por certas informações.

Pesquisas realizadas no Reino Unido sugerem que as crianças agora ficam muito mais confinadas em casa e têm muito menos independência de locomoção do que tinham 20 anos atrás. E, enquanto os pais agora passam muito menos tempo com as crianças, eles tentam compensar a falta fornecendo cada vez mais recursos econômicos para cuidar dos filhos. (Buckingham, 2003, p.21)[3]

Até meados da década de 1990, os preços de aparelhos eletrônicos e celulares eram muito altos, porém com a evolução tecnológica e o avanço econômico brasileiro, nossos jovens passaram a almejar novos tipos de presente e os pais, influenciados pela constante queda nos preços destes itens, acabam cedendo e fornecendo aparelhos cada vez mais sofisticados que, durantes suas próprias infâncias, não existiam ou eram privilégios dos mais afortunados financeiramente.

De acordo com os especialistas, as novas mídias e as novas tecnologias influenciam na mudança do sentido da infância. Se antes destas transformações as crianças eram diferenciadas pela etnia, classe social e cultura, hoje elas começam a se polarizar em grupos dos que vivem uma “infância moderna” e os outros que ainda tem uma “infância tradicional”.

Lilian Ivana Born[4] é uma das pesquisadoras que avaliaram as influências das novas tecnologias na infância, em especial o uso do celular. Como antes foi mencionado uma nova divisão entre “infâncias”, Lilian fez a seguinte declaração:

“acerca da influência da tecnologia nas sociedades, entendendo que ela não é neutra, que altera e produz novos modos de vida, e com isso também uma nova representação de infância.”

Segundo a pesquisadora, as propagandas que disseminam as novas funções e os novos modelos, cada vez mais atrativos, despertam nesses indivíduos o desejo de posse desses aparelhos, criando assim uma nova realidade da infância: o consumismo precoce.

O lado positivo do uso das novas mídias também deve ser avaliado, a TV, por exemplo, quando aliada de forma correta ao processo pedagógico pode complementar o processo de ensino-aprendizagem e interagir como um exercício intelectual e de cidadania. Mas para que isso realmente funcione, é necessário que nós pedagogos saibamos auxiliar as crianças de forma que elas, antes de qualquer coisa, aprendam a assistir à TV, podendo compreender as imagens e as mensagens enviadas.

Promover a utilização da TV como recurso pedagógico é fazer com que a escola tenha o material que vai possibilitar a produção de conhecimento na criança. É o professor que define a escolha das imagens e o uso que dará a elas no processo pedagógico.

“[...] as mídias apresentam-se, pedagogicamente, sob três formas: como conteúdo escolar integrante das várias disciplinas do currículo, portanto, portadoras de informação, idéias, emoções, valores; como competências e atitudes profissionais; e como meios tecnológicos de comunicação humana (visuais, cênicos, verbais, sonoros, audiovisuais) dirigidos para ensinar a pensar, ensinar a aprender a aprender, implicando, portanto, efeitos didáticos como: desenvolvimento de pensamento autônomo, estratégias cognitivas, autonomia para organizar e dirigir seu próprio processo de aprendizagem, facilidade de análise e resolução de problemas, etc.” (LIBÂNEO, 2001, p. 70)[5].

Conclusão:

Diversão, educação, socialização e comunicação. Esses deveriam ser os tópicos formadores de uma infância saudável, porém num mundo tão desenvolvido, e com mais novidades surgindo diariamente, torna-se cada vez mais complicado não migrar a infância como conhecíamos para a “infância do futuro” quase toda (ou toda) automatizada e individualista.

Cabem a nós, futuros educadores, investirmos em conhecimentos específicos que possam unir as facilidades tecnológicas e midiáticas com a formalização da educação, interagindo com os alunos através do uso de ferramentas que lhe despertam o interesse pelos estudos (computadores, câmeras digitais, aparelhos celulares, etc.) e através deles transmitirem os conhecimentos e conteúdos que norteiam a ação pedagógica.

Uma infância ideal é aquela onde as crianças disponibilizam de novos meios de diversão e informação, não deixando de lado as brincadeiras clássicas que as ajudam na socialização. Deste modo, unindo o passado e o futuro (cada vez mais se fazendo presente) poderemos ajudar a construir adultos inteligentes e sociáveis que, sabendo lidar com as novas tecnologias, apreciam a boa e velha forma de viver, ou seja, ainda num mundo real.

Bibliografia:

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20060703101942AApaRXa 07/01/2010 às 02:02

http://midialab.wordpress.com/2008/02/07/infancia-e-novas-midias/ 12/03/2010 às 23:41

http://www.artigos.com/artigos/sociais/sociedade/a-influencia-da-tecnologia-na-vida-de-criancas-e-adolescentes-dos-pequenos-centros-urbanos-1869/artigo/ 12/03/2010 às 23:57

http://www.aurora.ufsc.br/eventos/eventos_3a_jornada_mesa1.htm 12/03/2010 às 23:44

http://www.periodicos.proped.pro.br/index.php?journal=revistateias&page=article&op=view&path%5B%5D=190&path%5B%5D=189 07/04/2010 às 01:55

http://www.webartigos.com/articles/35613/1/A-Televisao-na-Educacao-Infantil/pagina1.html 07/04/2010 às 01:34

http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:LPzOlYiHtu4J:www.ulbra.br/ppgedu/files/resumo15.pdf+a+inf%C3%A2ncia+e+o+celular&cd=5&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br 07/04/2010 às 02:07

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[1] "Local Area Network", quer dizer "rede local", traduzindo assim uma loja ou local de entretenimento caracterizado por ter diversos computadores de última geração conectados em rede de modo a permitir a interação de dezenas de jogadores. O conceito de LAN House foi inicialmente introduzido e difundido na Coréia em 1996, chegando ao Brasil em 1998. A tradução para o português poderia ser "casa de jogos para computador".

[2] Conectado à Internet. Conexão em tempo real.

[3] BUCKINGHAM, David. Media education – literacy, learning and contemporary culture. Cambridge: Polity Press, 2003.

[4] Lilian Ivana Born (Mestre em Educação, professora de escola municipal, Porto Alegre/RS/Brasil)

[5]LIBÂNIO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora. São Paulo: Cortez, 2001.

REFLEXÃO: Educação Digital no Mundo: uma colcha de retalhos

Reflexão

Educação Digital no Mundo: uma colcha de retalhos
Por Carolina de Aguiar Teixeira Mendes



Em dezembro de 2000, os Estados Unidos aprovaram o “Children’s Internet Protection Act”, também conhecido como CIPA, que exige que escolas e bibliotecas subsidiadas pelo governo federal possuam uma tecnologia que garanta que menores não tenham acesso a conteúdos obscenos, pornografia infantil e outros conteúdos a eles inapropriados. Assim, os estabelecimentos acabaram por adotar filtros, visando evitar o contato dos alunos com tais materiais.

Devido ao fato de filtros e outras tecnologias serem imperfeitos, e poderem, inclusive, acabar por filtrar recursos educacionais úteis, alguns ainda defendiam a adoção de soluções paralelas ao problema. Neste sentido foi aprovado o “Child Online Protection Act” (COPA) e criada uma comissão para estudar métodos de redução do acesso de menores a materiais de cunho sexualmente explícito. A comissão, formada por representantes da indústria de tecnologia e serviços online, importantes agências federais, grupos defensores dos direitos de crianças e adolescentes, grupos religiosos, educadores e bibliotecários, concluiu que uma combinação de fatores (ações técnicas, legais, econômicas e educacionais) seria a melhor solução.

Por seu turno, no estado americano da Virgínia, foi aprovada uma lei que obriga às escolas públicas a ensinarem sobre Segurança na Internet. A lei – com vigência a partir do primeiro dia de julho de 2006 – exige que o Departamento de Educação daquele estado elabore instruções sobre a inclusão da disciplina na grade curricular. Antes mesmo da lei, várias escolas já haviam adotado a disciplina em período de aula ou mesmo informalmente.

Workshops também têm surtido efeito nos Estados Unidos. Em se tratando de adolescentes, impera a idéia “comigo não acontece” mas, quando se é colocado diante de grupos de pessoas que já passaram por uma situação de perigo na Internet, ou, pelos menos, os educadores usam exemplos reais detalhados para dar ênfase aos perigos online, a mensagem é recebida. “É necessário que os alunos consigam visualizar a si ou a seus amigos na história”, diz Parry Aftab, diretora da ONG americana Wired Safety.

Na Grã-Bretanha, em 2002, o Departamento de Ciência da Informação da Universidade de Loughborough conduziu auditoria em 577 escolas inglesas, visando a coleta de dados sobre o que se tem feito em relação às práticas de segurança online. Alguns dos quesitos analisados foram: existência de filtros, políticas de uso da Internet, monitoramento e educação dos alunos; métodos de ensino de segurança online; métodos de implementação das políticas de uso e de identificação da fonte de informações sobre segurança e, ainda, se estas informações recebidas são realmente colocadas em prática.

Segundo pesquisa britânica, 61% dos professores não se sentem preparados para lidar com a educação digital. Os professores não precisam entender tudo de tecnologia, mas pelo menos necessitam saber sobre os riscos online. As escolas britânicas tendem a acreditar que a educação digital se limita a aplicações que envolvam o ambiente escolar, deixando de lado assuntos como bate-papos, mensagens instantâneas e P2P, por exemplo. Acreditam que, por serem assuntos que não fazem parte do dia-a-dia escolar, devem ficar sob responsabilidade dos pais. Questionamos esta posição.

Em Portugal, ao nível do 1º, 2º, 3º ciclo de ensino e ensino secundário, não existe uma grade curricular que aborde questões da segurança online aos mais novos. O foco é todo na aprendizagem das ferramentas básicas (processador de texto, folha de cálculo, etc.) e nas aplicações básicas relacionadas ao acesso à Internet. No entanto, há margem para que os professores abordem outras questões com os alunos, mas fica sempre ao critério do professor. Assim, um ou outro professor adota atitudes louváveis mas, mesmo assim, ainda precisam de ajuda. E o mesmo acontece com os pais.

Nos restantes países de língua oficial portuguesa, o desafio é o de conseguir levar as tecnologias de informação e comunicação às populações, já que faltam equipamentos, softwares, entre outros.

No Brasil, fala-se muito em Inclusão Digital, mas pouco em Educação Digital. Enquanto governos e empresas multinacionais investem em equipamentos e no ensino sobre como usar as ferramentas básicas, falta instrução a respeito do uso correto, de acordo com princípios básicos de cidadania.

Pesquisando sobre o assunto, descobrimos uma professora brasileira chamada Cleide Muñoz, que ministra aulas de ética na informática a alunos de 5ª série a 8ª série. A atitude de Cleide é, de fato, louvável. Mas, no geral, ainda impera uma sensação de insegurança nesta “colcha” globalizada mas retalhada. “Segurança na Internet”, “Ética na Informática”, “Cidadania Digital”: é necessário organizar a disciplina e preparar os professores para um ensino completo e adequado.

É por esse motivo que estamos desenvolvendo o projeto “Educação Digital”, que engloba lições sobre Segurança e Privacidade, e Cidadania e Ética Digital. A princípio são ministradas palestras a mantenedores de escolas, professores, pais e alunos, sempre em grupos separados e com foco nas necessidades de cada grupo. Num futuro não muito distante vislumbramos a possibilidade de adicionar a disciplina à grade curricular, seja como matéria independente ou parte de disciplinas afins, como a Informática.

O importante é não perder tempo. Vivemos em uma nova era – a Era Digital – em que as informações são bombardeadas em velocidade espantosa. Somos a Sociedade da Informação! Se não dermos a devida atenção a este novo tipo de educação, as crianças de hoje serão os adultos confusos, perdidos e desinformados de amanhã. Ficaremos de braços cruzados?

Agradecimentos:

Anne Collier, Tito de Morais e Parry Aftab.

Fontes:

www.internetsuperheroes.org

www.washingtonpost.com

www.lsj.com

http:safety.ngfl.gov.uk/schools

http://image.guardian.co.uk

http://br.buscaeducacao.yahoo.com/mt/archives/2006/05/atica_online_vi.html

VÍDEO SOBRE:A nova reforma ortográfica da Lingua Portuguesa

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

VÍDEO- PROF. MORAN- Como pesquisar na internet?

COMO UTILIZAR AS TECNOLOGIAS NA ESCOLA

Só ensina bem quem sabe onde quer levar os alunos e se prepara para chegar lá...

Só ensina bem quem sabe onde quer levar os alunos e se prepara para chegar lá...

Só ensina bem quem sabe onde quer levar os alunos e se prepara para chegar lá...


Como você sabe, toda aula começa muito antes do momento de entrar em classe. Algumas vezes é preciso gastar horas para organizar materiais e espaços. Em outras, bastam alguns minutos. Mas sempre existe um esforço de preparar o trabalho com os alunos. “Mesmo o professor mais intuitivo precisa fazer planos”, diz Magdalena Jalbut, coordenadora do curso de Magistério do Centro de Estudos da Escola Vera Cruz (Cevec), de São Paulo.
A atividade de planejar, invisível para os estudantes, é considerada complicada, chata e burocrática. “Durante décadas o professor foi obrigado a fazer planejamentos que não tinham nada a ver com o seu dia-a-dia”, comenta Darcy Raiça, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “Para muita gente, planejar significava copiar o índice do livro didático”, diz ela. Felizmente esse engano está sendo desfeito. Assim como não se levanta um prédio sem plantas e cálculos, não se constrói educação sem planejamento. A fórmula para planejar é simples.
Primeiro definem-se os objetivos, pensando nos interesses e nas possibilidades do aluno. Depois o caminho para alcançá-los, com materiais, espaços, técnicas e tempo disponíveis. Entre o primeiro e o último ponto é preciso caminhar muito, mas quem faz o percurso encontra a chave do sucesso.

ESQUEÇA A BUROCRACIA

ESQUEÇA A BUROCRACIA
Acabou a idéia de que planejar é ir a reuniões chatas em que o professor se sente como um carimbador de papéis. "Antes o plano vinha pronto, em pacotes", comenta Regina Scarpa, formadora de professores há dez anos. "Hoje quem leciona tem espaço para criar.”


CONHEÇA BEM DE PERTO O SEU ALUNO

CONHEÇA BEM DE PERTO O SEU ALUNO
Para planejar, é preciso conhecer as condições e os interesses dos estudantes. "Pergunte-se sempre: 'O que meu aluno deve e pode aprender?", indica Marcos Lorieri, professor da PUC de São Paulo.

FAÇA TUDO OUTRA VEZ (E MAIS OUTRA)

FAÇA TUDO OUTRA VEZ (E MAIS OUTRA)
O plano de ensino é um documento pronto, que serve de base para o planejamento. Já o planejamento é um processo. Ele deve ser sempre alterado, de acordo com as necessidades da turma.

ESTUDE MUITO PARA ENSINAR BEM!





ESTUDE MUITO PARA ENSINAR BEM

"Uma pessoa só pode ensinar aquilo que sabe", sentencia Marcos Lorieri. Por isso, veja se você conhece bem os assuntos de que vai tratar. Claro que também é preciso saber como ensinar.


COLOQUE-SE NO LUGAR DO ALUNO...


COLOQUE-SE NO LUGAR DO ESTUDANTE
Quando pensar numa aula, tente se colocar no lugar do estudante. Você deve saber se os temas trabalhados em sala são importantes do ponto de vista do aluno.




DEFINA O QUE É MAIS IMPORTANTE
"Dificilmente será possível trabalhar todos os conteúdos com toda a turma", afirma Lorieri. Os critérios para estabelecer o que é mais importante ensinar devem ser as necessidades e as dificuldades dos alunos.

PESQUISE EM VÁRIAS FONTES
Toda aula requer material de apoio. Reserve tempo para pesquisar. Busque informações em livros, jornais, revistas, discos, na internet ou em qualquer fonte ligada a seu plano de trabalho, sem preconceitos.

USE DIFERENTES MÉTODOS DE TRABALHOS

USE DIFERENTES MÉTODOS DE TRABALHO
O professor deve aplicar diferentes métodos, como aulas expositivas, atividades em grupo e pesquisas de campo. "Combinar várias formas de trabalho é a essência da arte de ensinar", define Marcos Lorieri.

CONVERSE E PEÇA AJUDA
Seu coordenador precisa ajudar você a planejar. Ele deve contribuir para que seu trabalho seja coerente com o projeto pedagógico da escola. Conversar com os colegas também é útil. Aproveite as reuniões.

ESCREVA, ESCREVA, ESCREVA
Uma boa idéia para analisar o que está ou não está dando certo em seu trabalho é comprar um caderno e anotar, no fim do dia, tudo o que você fez em classe, suas dúvidas e seus planos. Esse é um modo prático de atualizar o planejamento.


FONTES BIBLIOGRÁFICAS

A Pedagogia da Autonomia, Saberes Necessários ao Professor, Paulo Freire, Paz e Terra;
Conversas com Quem Gosta de Ensinar, Rubem Alves, Artes Poéticas;
Ensinar e Aprender na Educação Infantil, Eulália Bassedas, Teresa Huguet e Isabel Solé, Artes Médicas;
Era Assim, Agora Não, uma Proposta de Formação de Professores, Regina Scarpa, Casa do Psicólogo;
O Diálogo entre o Ensino e a Aprendizagem, Telma Weisz com Ana Sanches, Ática.

Fonte:http://www.piodecimo.com.br/faculdade/download/pedagogia_plena/REEDUC/nova_pagina_2.htm

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O professor e a tecnologia: um encontro possível com a filosofia

6.5.07

O professor e a tecnologia: um encontro possível com a filosofia

De acordo com Eduardo Chaves, autor do texto, discutir a questão da introdução da tecnologia na escola remete a uma importante reflexão sobre questões da filosofia da educação.
Para ele o principal desafio da inclusão digital na escola está ligado ao fato de os educadores terem visões muito diferentes do que seja a educação, qual o papel da escola e dos próprios professores quanto à educação escolarizada. O autor afirma que não há concordância entre eles sobre qual deva ser o papel do computador na escola.
Chaves aponta duas visões de educação e como cada uma adota o computador no ambiente escolar.
De um lado estão os que vêem a educação escolar como processo de transmissão de conteúdos informacionais pelos professores aos alunos. O computador é utilizado apenas como máquina de ensinar, ou melhor, como máquina para ajudar o professor ensinar melhor.
Do outro lado estão os que vêem a educação escolar como processo de desenvolvimento pelos alunos, tendo como base o papel desses na construção ou elaboração de sua própria aprendizagem. Os defensores dessa visão acreditam que a escola deva oferecer ambientes favoráveis de aprendizagem para os alunos desenvolverem estruturas cognitivas que se traduzem em competências e habilidades permitindo-lhes sempre aprender. O computador, portanto, dentro dessa visão é utilizado com ferramenta de aprender.
Fica claro, que são duas visões diferentes de educação que determinam consequentemente qual será a importância dada pelos professores quanto ao uso da tecnologia no processo educacional.
O autor reforça que é preciso estar ciente que a tecnologia tanto na escola como em qualquer outro lugar não promove mudanças por si só. Depende das pessoas que utilizam elas para alcançar alguns de seus objetivos.
A pergunta que se faz necessária é: quais são os objetivos da educação? Como o uso do computador pode colaborar com tais finalidades da educação escolar?
É importante refletir sobre que sentido terá o uso do computador na escola. Professores precisam se posicionar buscando pautar nos objetivos da educação, revendo sempre os fins e os métodos utilizados para proporcionar uma educação inovadora, que esteja comprometida com a aprendizagem significativa para os alunos.


Link para visualizar o texto:http://www.escola2000.org.br/pesquise/texto/textos_art.aspx?id=21


Educação à distância e a formação continuada do professor

5.5.07

Educação à distância e a formação continuada do professor

De acordo com o texto os cursos de formação devem instigar no educando uma postura reflexiva e investigativa da sua própria ação.
Os cursos oferecidos via internet, tais como "Especialização em desenvolvimento de projetos pedagógicos com o uso das novas tecnologias da informação e comunicação", vem apresentando resultados satisfatórios no desenvolvimento da interação e trabalho colaborativo, buscando assim qualidade no ensino da parte dos educadores e inovações metodológicas para os alunos.
É válido o investimento nos cursos de formação continuada, quando percebemos que a relação teoria e prática está presente no "fazer pedagógico". Acredito ser um dos caminhos que nós, educadores, devemos investir para buscar melhoria no ensino do país.
posted by Bernadete Vieira | 3:20 PM

PEDAGOGIA E AS NOVAS TECNOLOGIAS

5.5.07

PEDAGOGIA E AS NOVAS TECNOLOGIAS

PEDAGOGIA E AS NOVAS TECNOLOGIAS

autora discute inicialmente no texto as inúmeras informações as quais somos bombardeados todos os dias.Diante dessas informções,para que o conhecimento seja válido é necessário,ser e crítico e filtrar as mesmas recebidas.para ela, a inserção das novas tecnologias no âmbito educacional se faz urgente.Mas a sua urgência não está apenas em incluir o computador,mas formar cidadãos capazes de sobressaírem diante da sociedade do conhecimento.nesse artigo salienta a responsabilidade dos cursos de pedagogia em formar alunos que não permitam que técnicos,engenheiros e professores de informática assumam o uso das novas tecnologias na educação tornando-as apenas operacionais.No texto define tecnologias da informação e tecnologias da comunicação como mediadoras do processo ensino-aprendizagem.Discute também o uso inteligente e das tecnologias e o contrário,ressaltando a importância da primeira no processo ensino-aprendizagem.segundo o texto o professor não deve ser treinado apenas operacionalmente para o uso das novas tecnologias,e sim serem capacitados metodologicamente e filosoficamente para o uso das NTCIs na sua prática pedagógica,salientando a importância da preparação dos cursos de pedagogia para a preparação desses profissionais.Finaliza o texto afirmando que não é a inserção do computador que mudará as questões educacionais ,mas o seu uso de forma devida e crítica diante daquilo que a escola já oferece.
http://www.utp.br/mestradoemeducacao/pubonline/cortelazzoart.html
posted by Drika | 11:19 PM

Educação Tecnológica Contextualizada, ferramenta essencial para o Desenvolvimento Social Brasileiro-Resumo-Janeiro/2011.

Educação Tecnológica Contextualizada, ferramenta essencial para o Desenvolvimento Social Brasileiro

Ciliana R. Colombo, Walter A. Bazzo1

Resumo:

O presente artigo traz uma reflexão sobre as interferências da tecnologia no desenvolvimento do ser humano, em especial da sociedade brasileira, cuja proposta de modernização segue um caminho pautado no desenvolvimento tecnológico. Esta proposta seguida muitas vezes a risca pelos governantes é, no entanto, desprovida de reflexão, incluindo, em muitos casos, a absorção de tecnologia estrangeira sem qualquer adaptação contextual, acentuando a exclusão e aumentando ainda mais a desigualdade social de nosso país. Na perspectiva de mudança desse quadro, este estudo faz um apanhado das alternativas apresentadas por autores nacionais e estrangeiros, que aprofundam o tema Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) que pode ser uma variante na compreensão deste fenômeno. Através destas muitas alternativas, algumas delas ainda desconhecidas, ou pouco trabalhadas nos meios acadêmicos, tal proposta preocupa-se em apresentar uma perspectiva de trabalho em educação tecnológica, com o intuito de levar a sociedade brasileira a uma participação mais efetiva no desenvolvimento tecnológico associado ao desenvolvimento social do país.

Tecnologia: uma reflexão sobre suas interferências

1. Tecnologia: uma reflexão sobre suas interferências

Não somos culpados pelo mundo que encontramos ao nascer. Mas precisamos, na medida de nossas possibilidades, fazer alguma coisa pelo mundo que está sendo construído (ou destruído). E que será herdado aos que hão de vir. (Gilberto Cotrim)
A tecnologia é hoje parte inerente da vida do ser humano de modo que não conseguimos nos ver separados dela. Muitas vezes concebemos a nós mesmos como complexas máquinas físico-químicas com um cérebro, que pode ser comparado a um potente e complicado computador. Porém devemos estar alerta quanto a reduzirmo-nos a um simples objeto da técnica, ou vincular a realização de nossos sonhos e a resposta a nossas angústias aos avanços tecnológicos.
Na nossa ânsia para alcançar o progresso tecnológico, não levamos em conta suas implicações sociais relacionadas aos hábitos, percepções, conceitos, limites morais, políticos e individuais. Passamos por cima de algumas questões de suma importância tais como a fome mundial, a degradação do meio ambiente, as armas nucleares que ameaçam destruir toda a vida do planeta e, mais forte que nunca, a manipulação genética.
Estes são alguns dos aspectos que nos levam a perceber a premência de refletirmos sobre a utilização da ciência e da tecnologia, para podermos realizar escolhas tendo como referências os valores ‘humanos’. Enquanto pertencentes a um país dependente, que faz uso de tecnologias transferidas sem uma adequação à realidade nacional, intensifica-se, em nós, essa necessidade.
Assim sendo, desencadeamos reflexões sobre as interferências da tecnologia no desenvolvimento da sociedade brasileira buscando possibilidades de socialização de seus resultados, sejam eles positivos ou negativos. Com a visão de que o desenvolvimento tecnológico leva-nos diretamente ao desenvolvimento social fomos progressivamente vinculando o desenvolvimento humano aos avanços tecnológicos deixando de considerar os desvios que ocorrem. Cegamo-nos às diversas implicações negativas desse processo de desenvolvimento passando a perceber apenas o que de positivo prometem trazer os avanços tecnológicos.
Um interessante problema de nossos tempos é que estivemos adormecidos voluntariamente através do processo de reconstrução das condições da existência humana, não percebendo que o desenvolvimento tecnológico, não favorece a satisfação das expectativas no tocante às necessidades humanas, ao contrário, o padrão consiste em ajustar as necessidades humanas ao que a ciência e a tecnologia produzem.
No final da década de 60 e início de 70 as idéias e pressuposições, até então irrestritamente favoráveis aos benefícios sociais decorrentes do desenvolvimento tecnológico, começaram a ser questionados nos países desenvolvidos como reação aos reflexos negativos da tecnologia sobre a natureza. (Acosta-Hoyos; Guerrero, 1985). Hoje estes questionamentos, cremos, em função da avalanche tecnológica de nossos dias, estão se tornando mais intensos.
No Brasil, estamos começando a nos questionar acerca disso tudo, e a refletir sobre algumas questões mais emergentes, que vem sendo discutidas em nível mundial.
Como estamos vivendo agora? Como pretendemos viver? O imenso poder científico e técnico, produzirá um mundo genuinamente superior ao que tínhamos antes; ou permaneceremos estagnados diante de uma acumulação de renovações descuidadas e desordenadas que destróem mais que melhoram? Por que a ciência e a tecnologia não têm tido sucesso em solucionar o problema mais humano de todos: a qualidade de vida? Como nosso país está tratando os impactos oriundos da tecnologia na sociedade?
Ainda que reflexões como estas aflorem em alguns segmentos da sociedade grande parte da população, que vive nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, permanece enraizada no determinismo tecnológico, vaga num profundo sonambulismo, e considera a tecnologia neutra destituída de valores como uma espécie de crença sem questionamentos. As reflexões e análises, que raramente ocorrem, em geral, baseiam-se na inadequação da tecnologia, ao invés de analisar as questões sociais e políticas que envolvem tanto a escolha quanto a incorporação das mesmas.
Não se trata de ver a tecnologia apenas como negativa e de prescindir da mesma, mas sim de discutir a validade de tomá-la como algo absoluto, de compreender que não existe neutralidade nas inovações tecnológicas, que elas podem ser utilizadas para o bem e para o mal, a favor ou contra o homem.
Essas afirmações são corroboradas por Winner (1987, p. 42), quando diz que toda descoberta é preparada de antemão para favorecer certos interesses sociais e algumas pessoas inevitavelmente recebem mais que outras.
Cientes disso, os cientistas precisam preocupar-se com a aplicação dada a suas descobertas e teorias; devem manter-se alerta para a utilização que será dada a elas, pois é evidente que as tecnologias podem ser utilizadas de maneira a aumentar o poder, a autoridade, o privilégio de uns sobre os outros. Nesta direção Sanmartín (1990, p. 62) afirma que mais além dos projetos, teoricamente incorporados por uma tecnologia, que a fazem apropriada para uma ou outra forma de vida, estão as redes reais de interesses sociais nas quais a tecnologia em questão já nasce ligada.
Zarth et al. (1998, p. 35-36), destaca que a “tecnologia é o instrumento mais adequado para se impor uma dominação e controle sobre a natureza e sobre a sociedade” e que o progresso tecnológico, de certo modo, se constitui em estratégia do desenvolvimento capitalista, não necessariamente vinculada às necessidades básicas da população; tornando-se “um fator ideológico pelo fato de irradiar a idéia de que ele representa o caminho do bem estar social para todos os segmentos sociais”.
Entendemos que o foco do problema não está na inexorabilidade do progresso tecnológico, mas sim na orientação e determinação de prioridades que os governos dos mais diferentes países do mundo têm formulado para a tecnologia. Esta não pode ser direcionada para servir de base para promoção dos interesses de poucos. A sua ênfase deve convergir para a promoção humana, expressa em termos da qualidade de vida.
Diante do exposto, cabe a reflexão diretora deste nosso estudo: que influências da tecnologia detectamos em nossas vidas? Algumas respostas e afirmações já vem sendo oferecidas, como resposta a esta pergunta, por diversos estudiosos neste campo como podemos ver a seguir:
  • A tecnologia levou a um aumento da expectativa de vida, a um mundo interligado/globa-lizado, e ao acesso a informação de forma veloz.
  • Culturalmente, nos foi passada a imagem de que a tecnologia está diretamente associada a civilização e ao progresso, induzindo-nos à adoção de novos padrões sociais.
  • A tecnologia é usada para sobrepujar a natureza, submetendo-a à constantes agressões e utilizações indevidas. Tal constatação é reforçada por Winner (1987, p. 103), quando diz que “recursos não renováveis requeridos por gerações futuras são extraídos e rapidamente consumidos confiando em que, de alguma maneira, ‘o mercado’ produzirá um fornecimento inesgotável”.
  • A automatização industrial alterou o perfil profissional. Isto exigiu dos trabalhadores a busca por uma atualização constante, gerou a diminuição do emprego estrutural e contribui para a migração ao mercado informal.
  • O não acesso às tecnologias, por parte de toda a população acentua a exclusão social, aumentando a desigualdade social. Ou seja, modernidade para poucos e falta de educação, saneamento, habitação, saúde e lazer para muitos.
  • A influência dos meios de comunicação na conformação pela introdução de novas tecnologias e na aceitação natural, conformismo levando os seres a pensar que não há outras possibilidades que não se sentar a observar o desenrolar deste processo inevitável.
Tudo isso reforça o que Winner (1987, p. 25), traz nesta citação:
“os hábitos, as próprias percepções, os conceitos, as idéias de espaço e tempo, as relações sociais e os limites morais e políticos, individuais, foram poderosamente reestruturados no decorrer do desenvolvimento tecnológico moderno. (...) Se produziram grandes transformações na estrutura de nosso mundo comum sem levar em conta o que implicavam estas alterações”.
Estes aspectos discutidos acima, mostrando a interferência e a magnificência da tecnologia frente ao desenvolvimento humano, ficam evidenciados através do lema que abria o roteiro da Exposição Universal de Chicago em 1933 (Sanmartín, 1990, p.28): “A ciência descobre, a industria aplica, o homem se ajusta”, situação que ainda hoje se constata na grande maioria dos casos. O demagógico desse ajustar-se não está no controle pretendido por determinadas sociedades dominantes quando da venda de produtos sob a promessa de que vão conceder um paraíso tecnológico, mas essencialmente na crença da população nesta promessa. Felizmente emergem aqui e acolá reações a essa crença, a esse ajustar-se. Winner (1987) destaca que o crescimento de certas tecnologias tem levado a um reconhecimento de seus limites e que muitas pessoas estão dispostas a considerar a possibilidade de limitá-las, dado que sua aplicação/utilização ameaça a saúde e a segurança pública; ameaça esgotar alguma fonte vital; degrada a qualidade do meio (ar, terra e água); ameaça as espécies naturais e os territórios virgens que devem ser preservados; e causa tensões sociais e esforço exagerado.
No reconhecimento dos limites do progresso tecnológico o que se sobressai é, na verdade, a necessidade de uma ética da tecnologia. Segundo Mitcham (1996) a ética da tecnologia se fundamenta sobre um amplo questionamento moral da tecnologia científica, ela se refere a intenção geral de adaptar a tecnologia como um todo, não somente frente as questões ambientais, nucleares, de armamentos, da biotecnologia, mas incluir questões mais amplas relacionadas a sociedade.
Hoje, para mudar a sociedade, afirma Sanmartín (1990, p. 63) não basta, pois, substituir umas tecnologias por outras (ainda que isso possa ser algo valioso por si). É necessário mudar a política tecnológica. O que teria que se fazer é fixar socialmente metas e favorecer, logo, as tecnologias que se estime socialmente mais oportunas para satisfazê-las.
Isso nos remete à reflexão feita por Pacey (1990) no que tange à tecnologia como algo que proporciona ferramentas independentes dos sistemas de valores locais e que podem utilizar-se imparcialmente em apoio de estilos de vida substancialmente diferentes. Entendemos que esta visão é que proporciona a transferência de tecnologias entre sociedades sem considerar suas especificidades, sem refletir que de algum modo a tecnologia condiciona a sociedade.
Nessa questão cabe bem a situação brasileira pois, o Brasil ao colocar em prática um projeto de desenvolvimento baseado em tecnologia importada, incorporou os modos de produção e também as formas de conhecimento do produtor. Ou seja, transformou nossa sociedade moldando-a à imagem da sociedade que produziu a tecnologia.
Outra questão relativa a interferência da tecnologia na sociedade brasileira está ligada ao poder e controle que dela pode emergir. Quando não há democracia no acesso ao desenvolvimento tecnológico, caminhamos para a diferenciação social, para a exclusão social. Aspectos estes, que dentro da dinâmica de uma sociedade contemporânea são instrumentos de poder e de controle. No Brasil, é o Estado que promove o desenvolvimento da base técnica produtiva, num processo não de igualdade de acesso aos fatores tecnológicos, mas beneficiando os sujeitos sociais com melhores condições técnicas e de capital. Cerca de 95% da população brasileira não tem acesso às tecnologias, e quando tem sofre influências negativas pela não adaptação ao seu contexto.
Os problemas relacionados à tecnologia em determinado contexto social geralmente são resolvidos sem levar em consideração a opinião pública. Por outro lado, a própria população, por falta de informações/conhecimento, se excluí do processo de reflexão acerca das interferências dos avanços tecnológicos na sociedade.
Emerge, desse contexto, a necessidade de uma reflexão moral que investigue e desenvolva temas que incluam: a minimização da desigualdade social, o acesso a informação, o futuro da sociedade, a socialização da tecnologia e do saber científico-tecnológico, visando uma participação de todos nas decisões relativas à tecnologia.

Recortes da Realidade Brasileira: Sua Opção de Desenvolvimento

2. Recortes da Realidade Brasileira: Sua Opção de Desenvolvimento

A partir das relações do homem com a realidade, resultantes de estar com ela e de estar nela, pelos atos de criação, recriação e decisão vai ele dinamizando o seu mundo. Vai dominando a realidade, vai humanizando-a. Vai acrescentando a ela algo de que ele mesmo é o fazedor. (...) Faz cultura. (Paulo Freire)
Muitas vezes, na ânsia do progresso científico e tecnológico, não se leva em consideração as implicações sociais relacionadas. Se faz opções que desconsideram questões de suma importância para a sociedade e para os seres humanos nela inseridos.
As opções de uma sociedade por um caminho para seu desenvolvimento tem implicações em sua estrutura política, econômica, social e cultural. Certas escolhas podem trazer prejuízos para a própria classe que decide e se beneficia das decisões.
O resgate do contexto histórico, social, cultural, político e econômico da sociedade brasileira frente a sua opção de desenvolvimento nos mostra que esta vem sofrendo crises em diversos áreas, principalmente na social. Crises estas com origem em decisões, projetos e escolhas feitas no passado, e relativas não apenas aos meios escolhidos, mas também aos fins a que se propunha a sociedade. (Buarque, 1994)
Na busca pelo desenvolvimento rápido e, muitas vezes eleitoreiro, o país não seguiu um processo gradativo de mudanças. Teve a expectativa de um desenvolvimento imediato e desse modo, fez algumas opções, tal como: em poucas décadas sair de uma estrutura basicamente rural, exportadora de produtos agrícolas, para uma estrutura urbana, industrial e exportadora de produtos manufaturados.
Diferente de outros países, que antes da industrialização fizeram uma revolução agrícola, o Brasil, sem modificar sua estrutura agrária, desenvolveu uma economia descomprometida e isolada dos trabalhadores rurais e sem a produtividade para alimentar os trabalhadores urbanos. Segundo Buarque (1994) essa opção foi a responsável por grande parte do desastre que vive a economia e a sociedade brasileira hoje, tendo como conseqüências explosão urbana, violência, inflação, fome, desemprego, desarticulação cultural, instabilidade social, dentre outras.
Além de não realizar a reforma agrária, no processo de industrialização, o país optou por desconsiderar as alternativas nacionais passando a importar técnicas disponíveis no exterior, desprovidas de sintonia com as necessidades da população brasileira e a realidade do país; sem a menor adaptação às características nacionais, longe de qualquer questionamento se esse processo conduziria à superação de nossas próprias carências e ao melhor aproveitamento de nossas potencialidades. “O país preferiu identificar seu projeto nacional com a própria técnica importada, e caminhou para simplesmente imitar as técnicas estrangeiras dos países-com-maioria-rica”. (Buarque, 1994, p. 29). Nos parece que, neste aspecto, as escolas que trabalham com a educação tecnológica tiveram contribuição significativa num erro estratégico que até hoje vem nos cobrando um preço muito alto pelas significativas mazelas produzidas na sociedade brasileira. Alguns exemplos onde um direcionamento diferenciado no Ensino Tecnológico teria tido influências decisivas: o Brasil dispunha de carvão vegetal, mas implantou a siderurgia com base no carvão mineral, optou pelo transporte rodoviário abandonando navegação de cabotagem, hidrovias e ferrovias, ou seja, não usou o seu potencial contextualizado e até hoje continua a agravar estes problemas.
O nosso modelo de industrialização seguiu o modelo de absorção das tecnologias estrangeiras e desse modo foi formando sua sociedade de acordo com os moldes que melhor serviam ao seu avanço, em diversas situações irracional. A importação não se limitou aos métodos de produção, avançou nas necessidades, ou seja, em todas as formas de conhecimento; ela se deu em nível micro nos métodos de produção, e em nível macro no estilo de sociedade.
A adoção do modelo de industrialização, com absorção de tecnologia externa, levou-nos a um padrão de consumo excludente que afastou do mercado, e da cidadania a maioria da população brasileira, pois, este padrão, pressupõe o aumento de poder de consumo de uma minoria (rica) e não a incorporação da maioria (pobre).
O sonho da industrialização e da urbanização, nos foi formulado como uma resposta ao atraso, a pobreza. O esforço em alcançá-las seria compensador na medida em que eliminaria essas mazelas (Benjamim et al., 1998). Em função desse sentimento, o país, concentrou esforços e rendas na infra estrutura econômica a qual permitiria à chegada mais rápida dos avanços, desenvolvendo dessa forma uma modernidade essencialmente técnica sem levar em consideração valores éticos e objetivos sociais. Como não tínhamos recursos para investir tanto na área econômica quanto na social, optou-se pela econômica.
A conseqüência da opção pela infra estrutura econômica em detrimento da área social foi “um país que chegou a ser a oitava potência econômica do planeta e ao mesmo tempo a penúltima sociedade em educação e saúde, a pior em concentração da renda, e uma das mais sofridas em fome e violência” (Buarque, 1994, p. 56).
A comprovação disso tudo pode ser buscada nestas afirmações que encontramos em Buarque (1994, p. 97-99) que demonstra o que essa modernidade técnica significou para a sociedade brasileira:
  • um parque gráfico eficiente tecnicamente, mas uma população com 30% de analfabetos e com apenas 9% concluindo o ensino básico;
  • jornais modernos com um número de leitores estagnado;
  • uma saúde moderna com transplante de órgãos, ao mesmo tempo que persistem as mais arcaicas doenças endêmicas e uma das maiores taxas de mortalidade infantil no mundo;
  • uma televisão colorida e em cadeia nacional, mas sem qualquer compromisso educativo e sob a mais brutal censura de informações e idéias;
  • uma indústria automobilística símbolo da modernidade, enquanto 80% da população não recebe um salário suficiente para pagar o ônibus entre a casa e o trabalho;
  • uma produção de automóveis com ar condicionado utilizado como status ou para isolar os passageiros do indesejado contato com os pedintes, vendedores ambulantes, meninos de rua; e não para controlar o calor;
  • uma arquitetura das mais modernas em todo o mundo, mas sem a preocupação em criar casas que sejam acessíveis a um programa habitacional de massas;
  • uma agricultura moderna pelo uso de biotecnologia, equipamentos de mecanização e exportação, ao mesmo tempo que o contingente de desnutridos do país é um dos maiores em todo o mundo;
  • a possibilidade de alguns comprarem água mineral, mesmo que a maioria da população não tenha água encanada e os poços estejam cheios do vibrião do cólera;
  • uma educação moderna com boas universidades e centros de pesquisas, que se concentram em problemas de pouca relação com o aumento da cultura mundial ou com a solução dos problemas nacionais;
  • um país com o maior número de corredores na Fórmula Um, e um dos últimos em práticas desportivas e medalhas nas Olimpíadas;
  • um país que é o maior produtor de remédios para emagrecimento mas que possui um dos maiores contingentes de esfomeados;
  • um país que exporta aviões, automóveis, computadores, tecnologias de construção, que é também o maior exportador de crianças para adoção e, segundo denúncias, para transplante de órgãos.
Percebe-se com tudo isso que, no Brasil, o progresso tecnológico, expresso em termos de investimentos em ciência e tecnologia, se mostrou relativamente eficiente, e no entanto está dissociado da melhoria da qualidade de vida pois está condicionado pelo fato de que a grande maioria do povo permanece excluída dos efeitos da modernização. Os processos atuais que aceleram a modernização de uma parte da sociedade aceleram também – em muito maior escala – a exclusão econômica e o atraso social em todas as suas múltiplas formas, tendo como resultado o aumento da heterogeneidade social e a produção de uma exclusão social. Assim, de forma desigual, em todas as regiões brasileiras, mais urbanas ou mais rurais, estão presentes setores modernos, articulados com mercados globais, ao mesmo tempo que em todas, permanecem marginalizados grandes contingentes populacionais. “Nesse mosaico, modernidade e atraso se misturam, inseparáveis, como faces de um mesmo modelo” (Benjamin et al., p. 82).
Acreditamos que, embora em nosso país o esforço tecnológico esteja divorciado dos aspectos sociais, ainda há possibilidade de integrá-lo ao crescimento social, pois o Brasil, por suas características, não é um país qualquer. O que ocorre é que a população, sem educação para isso, desacostumou-se a refletir sobre si mesmo, acerca de suas necessidades, possibilidades e contribuições tecnológicas para o cenário mundial.
Entendemos, pois, que embora o país tenha feito uma opção equivocada de desenvolvimento, é chegada a hora de dar uma guinada neste processo. Ainda que de forma um pouco lenta o nosso país tem potencial humano e tecnológico para entrar num processo de desenvolvimento real, ou seja, com a inclusão de todos os setores da sociedade. Para tanto se faz necessário buscar uma maior equidade de distribuição de renda e socialização de acesso aos frutos do desenvolvimento e uma educação mais reflexiva. Em especial nas escolas que trabalham a tecnologia. E nessa perspectiva temos que ser pluralistas para incrementar um processo educacional intensivo onde os avanços tecnológicos sejam difundidos, discutidos, assimilados e, e em certas situações, reprocessados internamente e integrados à cultura nacional.